julho 13, 2010

EFÊMERA LUCIDEZ

Lúcidos senhores políticos em seus óculos intelectuais Mágicas lentes que repentinamente os transformam racionais Afrouxando a gravata que os fazem todos iguais Cegos, surdos, corruptos, burros, perdão aos animais. Abrindo as cortinas que ofuscavam a visão Homens de terno e maleta às vezes tem razão E entre as ladainhas algo além de corrupção Uma lei de plausibilidade que orgulha o cidadão.
Os kilômetros da vida, seus currículos pesaram Pois até Brasília, pelas estradas avistavam Inconseqüentes motoristas que o trânsito desafiavam Alcoolizados, imbecis que ao crime se lançavam. Corpos que caíam, mães que se recolhiam Prantos, gritos, a decepção pelos filhos que se perdiam Nas estradas, avenidas, embriagados prevaleciam Quantas vidas se ceifaram, hipócritas não viam. Perdidos pelo álcool, sangue de inocentes O desrespeito pelo próximo, atos inconseqüentes Destino desafiado, pelas drogas envolventes Que seja uma dose, não importa, pare, não vá em frente.
A volta não se sabe, o trajeto perigoso Trânsito e álcool não combinam, o fim é desastroso Campanhas publicitárias em clima amoroso Vendem o produto do ilícito mais penoso. Que destrói a família e fere seu lar O vício pela bebida que se propõe a instigar Em seus veículos sem limites saem a voar Reflexos obstruídos, caixão fechado hão de voltar. Mas agora é diferente, ligeira impressão Que os homens de preto pensam, há de ter fiscalização Protegendo o bem maior, a vida, está na Constituição Um não a esta droga será orgulho da nação. O espetáculo, a arte de legislar, não pode parar Deputados, Senadores, Presidente continuem a pensar É o povo que pede para o show prolongar De leis inteligentes, eficazes, iremos nos orgulhar. Sequem as nascentes, uma nova revolução Esqueçam os impostos, o dinheiro, chega de ilusão Co-autores do crime impedidos de fazer divulgação De drogas entorpecentes em plena televisão. Lindas mulheres que desfilam, praia e a gelada É a ilicitude ofertada, juventude viciada Mentiras divulgadas, discórdia propagada Lei Seca predomine e que seja estampada. O bafômetro seja instrumento da obra legislativa Entre mensalões e cuecões, a lei seca esta sim é criativa Que seus óculos sejam abençoados, de ótica intuitiva Para vislumbrar um futuro que ao jovem emotiva Crítica, Cotidiano, elogios, estrada da esperança Que eduque seu futuro, pulso firme, liderança Respeito e dignidade, entre povo e governo, aliança Olhos lúcidos nas estradas, eterno sorriso de criança.
Winderson Marques
julho 13, 2010

SUFOCADO

A cada passo, a cada olhar, a cada sol, a cada lua a cada gesto... Em todos meus atos sempre haverá uma desejável companhia... Lado a lado sempre estaremos, não posso relutar, é inútil tentar. Invade-me o peito, ofega minha respiração, tira-me os sentidos... E aos poucos me rendo em pensamentos, sedo-me a escuridão... Entrego-me como um covarde, não há defesa, sou facilmente absorvido. ...Soluço de aflição, trêmulo de emoção e entregue estou à paixão. Não espero respostas, nem um reencontro, busco apenas lembranças... É como ser torturado, porém não quero absolvição, muito menos a redenção. Necessito de angústias, sobrevivo das lembranças, alimento-me de esperança. Existe um duelo paralelo, passado contra futuro, porém não há derrotado... Um destino inseguro, insensato, inquieto. Estou em meio ao tédio... Velho querer de bater em sua porta e ser recebido por seu eterno beijo... Estar na expectativa de sonhar, de viajar, mergulhar em águas frias... A noite é meu refúgio, a penumbra esconde-me os olhos, oculta meu pranto. Minhas lágrimas na nostalgia das recordações relembram seu adeus... Sentimentos em orquestra, onde o maestro é a solidão e a melodia é o amor. Sintonia entre ódio, amor, mágoa, paixão, porém necessito apenas da razão. Continuo sendo perseguido, torturado, vivo angustiado... A desilusão dá-me forças, enche-me de histórias, faz-me esperar uma vitória... O sofrimento, a morte, o início sem o fim, os momentos reservados e inesperados Sim ou não?... A vida que desafia e desafina em noite sombria de escura ternura. O meu refúgio, o porto seguro de inquietante sentimento, resta-me chorar... Entregar-me, me render e me colocar aos pés de quem amo e amarei... Eternamente para que eu possa viver a cada passo, a cada olhar, a cada lua e A cada gesto sufocado... sufocado de um eterno amor por você.
Winderson Marques
julho 10, 2010

NOS BRAÇOS DE SOPHIA

Metafísicos versos em famoso bordão: “Ser ou não ser, eis a questão” Shakespearianas rosas nas cores de poesia Floridas rimas nos bosques da filosofia. Despertar para o pensar, o mundo de Sophia Brasas de amor e amizade faíscam sabedoria O processo da semente fecunda humanização A aventura a ser vivida projeta educação. Olhos de coruja, um viajante, um pensante Asas e garras, instigante, homem amante Em seu voo nos ares do existencialismo A brisa que o conduz à trilha do realismo. Ventos que permite criar, projetar, sonhar Viagem de mistérios, livres para voar Exala conhecimento, orquestra pensamento Ilumina trevas, aquece vidas, é descobrimento. O inquietante espinho do que é realidade Sangra no espírito a busca pela verdade Valores, crenças, a leitura de vivência Sociedade alternativa abre mão de inocência. Educadores do tempo é dinheiro persuadem ilusão Mídias desvairadas geram má-formação Refletir e fugir do vírus dominante Construir o crítico é ter novo semblante. Relâmpagos no pensamento, nada ser imutável Diferir-se do comum, do trovão estável Não querer calar, jovem esclarecimento A busca de respostas rejuvenesce entendimento. Sentimentos puros aos olhos de Tales Afasta a comodidade, cosmologia sem males Em Mileto, cidade turca, o nascimento Do fruto seguro, fonte de conhecimento. Micênicos em Grécia, cultura dominante Idade do bronze, civilização atuante Dóricos guerreiros invadem a região Êxodo, fuga, na bagagem tradição. Influências orientais, homens racionais Fatores sócio-político-econômico-culturais O fim do domínio dórico, a reconstrução A praça pública, a retórica, uma nova paixão. Política, pólis, governo do esforço coletivo Democracia, cidade-estado, mito evolutivo Não há sereias, criaturas, adeus a mitologia A representação na comédia, arte, dramaturgia. A arquitetura, o calendário, clássica beleza A invenção da moeda, próspera riqueza Vida urbana, renascimento comercial A arte da palavra, o convívio social Raios de sol, dia-a-dia de princípio original Dos pré-socráticos ao atual, ser racional A busca pela razão, ética, princípios, essência Ser ou não ser, há de não ser aparência. Na alma de poeta transborda filosofia Na boca de filósofo versos em poesia O romance de amor e harmonia Nos braços da eterna mãe Sophia.
Winderson Marques
julho 10, 2010

MEMÓRIAS D’ALMA

Vozes despertastes pré-helênicas de Ática. A tríade das Augralídes, deusas da fertilidade Em manhãs ensolaradas, mulheres aromáticas Do mito que revive em outra irmandade. A terra que permeia e alcançaste a alma Purificando o corpo que entregaste a Agraulós Semeando este solo, Atena se acalma O orvalho do perdão, oferenda à Pandrosós. Do ventre materno vidas fortalecem A aliança que fora quebrada, hoje enaltece Corrigidos erros, anjos adormecem O espírito em partida, a despedida de Herse. A promessa consumada, o descanso da sacerdotisa! Despetrificadas insubmissas concertaste a mitologia Deixaste de herança à mulher poetisa e profetisa Consangüíneas de encantos, rica simbologia. A foice que toca a terra encanta a filha de Zeus Filha virgem dai fibra as irmãs da roça esperança Aqui nasceram e se criaram, dirão o seu adeus Semeai em outros campos a mais bela lembrança No trigo, na soja, mandioca, arroz ou feijão A geração de mulheres, contribuintes das histórias Contos, poemas, em sentido ao coração Àqueles de espíritos, almas, viventes memórias... Humanas videntes do desejo terreno, não agnosia Religiosidade que desperta os sentidos em realeza Pedidos de bênçãos à Deméter, o festival proerosia No corpo da delicadeza feminina, da alma natureza.
Winderson Marques

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